Pelo menos uma vez na vida acredito que você já ouviu alguém dizer: “- Isso é igual a ir a Roma e não ver o Papa”, para indicar que alguma coisa foi feita pela metade, mas sou obrigada a te dizer que quem vai a Roma só vê o Papa se for em uma das Basílicas Papais, caso contrário para ver o Papa você deve ir ao Vaticano, que é um outro país (rsrs). Mas pode ficar tranquilo que é fácil, basta descer do ônibus e atravessar a rua.
Em Roma temos inúmeras igrejas e a maioria delas são lindíssimas, seja pela arquitetura, decoração ou quadros e esculturas expostas, visitá-las pode ser muito mais gratificante do que ir a alguns museus, e pelo menos por enquanto, a entrada é gratuita.
Três delas no entanto, são muito, muito especiais começando pela Catedral de Roma que é San Giovanni in Laterano e depois Santa Maria Maggiore e San Paolo Fuori le Mura. São igrejas com um status mais elevado dentro do catolicismo e que contam com um “altar papal”, onde apenas o Papa pode realizar missas que acontecem em situações especiais.
Cada uma delas tem sua própria história. San Giovanni in Laterano, por exemplo, foi o primeiro templo cristão erguido dentro dos muros de Roma por ordem do Imperador Constantino que às vésperas de enfrentar uma batalha importante, viu uma cruz de fogo no céu e recebeu uma mensagem de que sob aquele símbolo venceria. Não pensou duas vezes e mandou pintar a cruz no escudo de todos os seus soldados e não é que venceu mesmo?
Em reconhecimento pela sua vitória e certamente também por influência de sua mãe (Santa Helena) que já havia se convertido ao cristianismo, doou o terreno para que fosse construída a igreja que hoje é considerada a Igreja Mãe de todas as igrejas católicas do ocidente, sendo superior inclusive a San Pietro em ordem de importância.
Seria impossível em um único post relatar todas as belezas de San Giovanni. De tudo que se pode apreciar, o que mais me impressiona são as esculturas dos doze apóstolos distribuídas pelas laterais da nave central como que saudando os peregrinos e visitantes, além disso o complexo de San Giovanni conta com o Batistério (fora da igreja) e onde acredita-se que o próprio Imperador Constantino tenha sido batizado pouco antes de morrer, aceitando enfim se tornar cristão e a “Escada Santa” que foi montada depois que Santa Helena trouxe para Roma os 28 degraus que Jesus teria subido para ser julgado por Pôncio Pilatos.
O local onde foi construída a própria basílica tem histórias inacreditavelmente fantásticas, como por exemplo o “Sínodo do Cadáver” que ocorreu entre suas paredes em janeiro de 897 com o julgamento do Papa Formoso. Falecido no ano anterior, foi exumado, paramentado com as vestes papais e levado ao trono de San Giovanni para ser interrogado. Claro que impossibilitado de responder ao interrogatório, foi considerado culpado e teve seu corpo atirado no Rio Tevere, sendo-lhe negado um enterro cristão.
Outra coisa que demonstra a importância da Catedral de Roma, é que uma vez concluída a eleição de um Papa, ele só é juridicamente reconhecido como tal após prestar o juramento em um cerimônia na Basílica de San Giovanni in Laterano.
Já Santa Maria Maggiore é a única entre as Basílicas Papais a ter conservado sua estrutura original, mesmo tendo passado por diversas restaurações e lógico, tendo recebido muitas obras de arte ao longo dos anos. Sua construção data de 350 dC e por volta de 432 foi consagrada a Nossa Senhora que acabava de ser reconhecida com Mãe de Deus, sendo assim a primeira igreja consagrada a Virgem Maria.
Sua história é interessante, conta-se que no dia 05 de agosto, em pleno verão romano, que pode chegar a absurdos 40º, teria nevado durante a noite indicando assim onde a Virgem queria que fosse erguido o templo. Verdade ou mentira? Não sei dizer, aliás, acho que ninguém sabe e acreditar fica a critério de cada um. Independente das crenças individuais, todo dia 5 de agosto é realizada uma missa especial que reúne centenas de pessoas para celebrarem o milagre da neve com uma cascata de pétalas de rosas brancas caindo sobre os fiéis. É, para dizer o mínimo, maravilhoso.
No entanto, seu ponto mais forte está na relíquia exposta. Um pedaço de madeira do berço de Jesus que está colocado em um altar especial.
A terceira Basílica Papal, é San Paolo Fuori le Mura ou São Paulo Fora dos Muros, isso porque foi construída, como diz seu nome fora dos muros da cidade em homenagem ao apóstolo Paulo que teria sido enterrado ali após sua execução a mando do Imperador Nero.
Eu não consigo encontrar adjetivos para descrever essas igrejas que não passem pelo “maravilhosas”, “grandiosas”, “espetaculares” e coisa e tal. Realmente são, mas na minha opinião a Basílica de San Paolo é a mais acolhedora de todas elas. É tão rica em arte, artefatos e histórias quanto as outras mas a beleza dela não intima, ao contrário, parece acolher e te fazer sentir em união com o Divino, ao invés de um eterno pecador.
Em todas elas é muito fácil de chegar com estações de metrô a poucos metros. Se você tiver tempo, visite uma por dia para poder apreciar os detalhes com calma. GAranto que vale muito cada minuto empregado.
Enfim, se por acaso você não conseguir ver o Papa, veja pelo menos as Basílicas Papais. Tenho certeza que não vai se arrepender.
Beijo estalado e abraço apertado à todos. Arrivederci!