Finalmente depois de muito planejamento e espera pelo momento certo, parto para o meu primeiro trabalho como wwofing.
Para aqueles que porventura não sabem do que se trata, as pessoas que ingressam nessa plataforma sao chamadas de voluntários, mas a coisa não é beemm assim. Uma prática bastante antiga com cara de novidade, esse trabalho “voluntário” na verdade é uma troca. O velho escambo. No meu caso, optei por fazendas orgânicas, começando pela Cascina dei Finocchio Verde, em Piemonte na Província de Cuneo, já quase fronteira com a França.
O acordo é basicamente este: eu ofereço a minha mão de obra naquilo que eu for capaz de fazer e em troca eles me oferecem estadia e alimentação. São algumas horas de trabalho por dia, com possibilidade de aprendizado e de conhecer melhor a região. Não raro com o auxílio dos anfitriões que contam as histórias locais e dão dicas do que fazer, sem falar nas caronas mais do que benvindas.
E aí, alguém me perguntou: – E vai fazer o que numa fazenda depois de uma vida inteira na cidade? Aposto que não sabe nem colher tomate!
Bom, saber colher tomate eu sei sim. Tínhamos no quintal de casa quando eu era criança, mas todo o resto foi uma imensa e gratificante novidade.
Depois de muito pesquisar optei pela plataforma WWOOF – World-Wide Opportunities on Organic Farms, que significa Oportunidades Mundiais em Agricultura Orgânica. Listei os benefícios:
– Viver junto a natureza;
– Me alimentar com produtos 100% orgânicos (tem outro sabor);
– Acompanhar o dia-a-dia de uma família italiana;
– Melhorar a minha pronúncia (aqui L é L, E é E, U é U e por aí vai), aumentar meu vocabulário e principalmente aprender a pensar em italiano;
– Aprender sobre cultivo, semeadura e colheita;
– Conhecer lugares novos e me envolver com eles. E do meu ponto de vista nada melhor que um programa como este para conhecer aquilo que apenas os locais conhecem.
Feita a lista de vantagens, agora era a vez de listar as desvantagens:
– Adoro privacidade. Bom, teria que abrir mão dela, pelo menos em parte. (pode acontecer de ser preciso dividir o quarto com outra pessoa que também esteja no programa);
Nesse ponto parei, torci o nariz e confesso que senti um certo receio em contiunuar. Passaria dias com pessoas estranhas, num lugar estranho, executando tarefas diferentes e tendo que falar em um idioma que ainda não domino perfeitamente. Confesso que me deu aquele friozinho na barriga.
Parei a lista das desvantagens por aqui. Já estava bastante agoniada. Mas aí pensei: “ Mulher, você já está com 59 anos. Não dá mais tempo de ficar pensando. Ou vai ou fica. Não existe uma terceira opção.” Fui!
Mandei o e-mail, arrumei a mala, acalmei o coração e lá fui eu.
E que bom que fui, porque depois de dois dias, apenas dois dias, as pessoas que encontrei pareciam ser velhos conhecidos . Não posso dizer que fui recebida; fui na verdade acolhida.
Diz que não se esquece o primeiro beijo, o primeiro soutien, o primeiro baile e agora posso dizer que nem a primeira fazenda. A Cascina dei Finocchio Verde vai estar para sempre no meu coração.
No próximo post conto para vocês as coisas incríveis que descobri, aprendi e pude fazer por lá.
Beijo estalado e abraço apertado. Arrivederci!