Que tal um cafezinho?

Sentada em um bar tomando um cafezinho, aqui cafezinho mesmo, no real sentido da palavra, me deu uma enorme saudade do meu café de coador. Três colheres de pó e mais um pouquinho para um litro de água. Tão bom…

Aqui na Itália eles nem fazem idéia do que seja um coador de café. Agora se falta coador, sobram opções e no começo é até difícil saber o que pedir.

A primeira vez que pedi um café num bar, o fiz como se faz no Brasil: – Um café, por favor!

Quando fui servida levei um susto e achei que tinha alguma coisa errada ali. Talvez a garçonete fosse nova e não soubesse tirar um café expresso corretamente.

 Tomei meu golinho de café de um só vez e fui embora. Não quis reclamar para não prejudicar a moça, mas fiquei perplexa de alguém ter coragem de servir um café tão forte, morno e que não chegava nem a metade da xícara. Enfim, deixei pra lá.

Contando em casa como havia sido o meu dia e as coisas que tinha visto não pude deixar de mencionar a história do tal café. E o que eu achava que era um engano, um cafezinho à toa, mal feito era na verdade um respeitável e conhecidíssimo café com nome e se bobear até sobrenome: “caffè ristretto”, um café expresso feito com a mesma quantidade de pó, porém com pouca água para que fique cremoso e com um sabor acentuado. Entendi! Ainda bem que eu fiz a boa e não reclamei da garçonete. Ufa! Já pensou que vexame!

Porém, como de tudo na vida se pode aproveitar alguma coisa, depois do meu engano recebi de um italiano uma aula sobre as formas de servirem café por aqui e fui aconselhada a de uma próxima vez pedir um “caffè lungo”, que é um pouco mais próximo do nosso expresso. E entendam que “próximo” significa o mais próximo possível, não quer dizer que seja igual.

Os bares por aqui são uma versão das nossas cafeterias, além de servirem de ponto de encontro, principalmente nas pequenas cidades. É o local onde o pessoal passa para tomar um café e aproveitar para colocar os assuntos em dia com os vizinhos e conhecidos.

Trabalhar em um bar, pelo menos no quesito “servir café” exige muita habilidade e principalmente uma boa memória.

Segundo o italiano, que gentilmente me esclareceu sobre os nomes e como são servidos os cafés na Itália, aprendi que além do “caffè ristretto e caffè lungo”, temos as seguintes opções:

1- Caffè Corto – um café forte, cremoso e com alta concentração de cafeína. Me pareceu a mesma coisa que o caffé ristretto e fui perguntar para quem é da terra, mas não consegui chegar a nenhuma conclusão. Parte dos italianos a quem perguntei me disseram ser a mesma coisa; outros que a diferença está na concentração de cafeina embora aparentemente sejam iguais. Na minha opinião é a mesma coisa com nomes diferentes. Vou começar a pedir os dois em bares de localidades diferentes e depois conto o que achei.

2- Caffè Doppio – Nada mais que duas doses de café expresso.

3 – Caffè Descaffeinato – Como o próprio nome já diz, sem cafeína.

4 – Caffé Normale – Boh…que seria? Algo entre café curto (caffé corto) e o café longo (caffè lungo)!?

5 – Caffè Americano – É um expresso com água quente, ou seja, o expresso original diluído em mais ou menos 60 ml de água quente.

6 – Caffè Lungo – A mesma quantidade de pó do corto com um pouco mais de água.

Então, só até aqui já temos 6 maneiras diferentes de pedir um café: corto o ristretto, doppio, lungo, normale, americano e descaffeinato.

Mas não é só isso que temos nos cardápios dos bares. Existem também as misturas entre café e alguma outra bebida. Em se tratando de misturas encontramos por aqui as seguintes combinações:

1 – Macchiato Caldo – Servido em xícaras pequenas. Em geral 25 ml de café expresso coberto com espuma de leite.

2 – Macchiato Freddo – O mesmo expresso servido na xícara, só que acompanhado de uma pequena jarra de leite frio para que você se sirva aos poucos.

3 – Caffè latte – Em geral café e leite em proporções iguais.

4 – Cappuccino – Esse parece fácil, não? Não é. O tradicional é feito com 1/3 de café expresso, 1/3 de leite quente, 1/3 de espuma de leite.

 

Mas existem variações como: cappuccino claro, cappuccino escuro, descafeinado ou com leite desnatado.

5 -Marocchino – que nada mais é que o cappuccino tradicional polvilhado com cacau. O caffè latte e o cappuccino  via de regra são consumidos no café da manhã. Um italiano jamais toma um cappuccino após as refeições. É praticamente uma heresia.

6 – Caffè Corretto – servido com um pouquinho de licor de aniz ou grappa, uma cachaça feita de uva. Era consumida inicialmente pelo povo do norte da Itália para ajudar a suportar o frio. Deixo abaixo um link que achei muito interessante e que fala sobre a grappa, caso você queiram saber mais.

www.falandoemvinhos.wordpress.com/2016/06/13/grapa-o-destilado-de-luxo

E assim chegamos a marca de 16 opções de café e o barista tem que conhecer todos eles. E veja que estou falando de bares comuns, daqueles que você encontra em qualquer esquina ou estação. Não de casas especializadas em café.

Tenho que reconhecer que se somos bons no plantio do café, eles são extremanente criativos na hora de prepará-lo.
Para ficar perfeito, só falta mesmo incluir o bom e velho cafezinho de coador.

Beijo estalado e abraço apertado. Arrivederci!

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